quinta-feira, 21 de junho de 2012

RIO +20: A TORRE DE NOSSA BABEL


Os recursos direcionados para esse encontro mundial e toda mobilização para torná-lo um sucesso, era a torre que as lideranças mundiais pretendiam construir como propaganda de uma nova humanidade. No entanto, já deu para perceber a Babel que esse encontro está se tornando. De um lado ambientalistas e Ong's reclamam de um documento apático, sem avanços, sem compromissos concretos a respeito das metas e do financiamento para um desenvolvimento sustentável. Do outro lado líderes mundiais, políticos preocupados com a estabilidade de suas economias que, diga-se de passagem, sobrevivem da insustentabilidade provocada pela exploração sem consciência dos recursos naturais do planeta, estão sorrindo diante dos flash's mundiais como quem diz: missão cumprida.
Deixemos isso mais para frente, afirma o documento. Uma vez mais a nefasta lógica do capital consegue fazer escorregar pelos dedos essa ímpar oportunidade de colocarmos a vida acima da acumulação de bens e do lucro. De garantirmos um planeta para as gerações futuras, das quais nossos filhos e os filhos dos nossos filhos farão parte. De ensinarmos para eles a grande lição e a mais importantes de todas, a saber, de que a vida é um valor supremo e que nada, absolutamente nada, deve postular estar acima ou atentar contra ela sem a nossa radical oposição e resistência. 
Esperávamos um pentecoste, um congraçamento universal, a comunhão de nossa aldeia planetária. Vários idiomas do mundo afirmando a severidade da mesma necessidade: de deixar a vida ser vida e seguir seu curso. De adaptarmos nossos sistemas e políticas econômicas ao imperativo da sobrevivência e do respeito ao protagonismo da realidade ambiental e de sua inconteste importância para todo existir. No entanto, somos testemunhas oculares de discursos e de um documento mais preocupado com um tipo de diplomacia que não ofenda os interesses do capital, do que aquele compromisso diplomático que sente chamado e vocacionado a brandir a vida como símbolo e sentido maior de todos os povos da terra.
Os protestos que vimos, a marcha dos insatisfeitos, a turba formada por aqueles que dizem sim a vida e ao modelo de desenvolvimento que se debruce reverenciosamente a esse valor, devem continuar. Cada povo, de cada país, como consciência telúrica, como parte consciente de toda vida no planeta, deve deixar que esse mesmo planeta e toda vida que nela há se expresse através de suas vozes, seus idiomas, seus dialetos, como um vento que sopre sobre toda terra, mostrando que o insustentável já há muito perdeu sua razão de ser.
Glauco Kaizer

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