segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Deus Comunitário


No principio era o verbo... no princípio era o balé do Espírito por sobre o caos, dando de si e juntamente com o Pai e com o Verbo, transfigurando a face do nada no acontecer da relação das pessoas divinas; no princípio era Deus em sua forma mais graciosa, sob a qual se nos revelava o Deus comunitário. O Deus que possui sua família como experiência fontal e dinamizadora de todas as famílias do cosmos, seja de humanos ou de qualquer ser. Pai, Filho e Espírito Santo constituem, nessa relação de reciprocidade de amor, o protótipo de todas as famílias. Aqui está o paradigma familiar segundo o qual todas as famílias devem enxergar-se (quando há esse dinamismo de amor de interpenetração) como um acontecimento que nos absorve para dentro da realidade divina, onde somos transformados a imagem de sua glória.
A vida, a verdadeira vida, assim como na criação, surge da força do amor, intimando o nada a dar sua contribuição a existência, transformando-o em famílias de árvores, flores, insetos, bichos, humanos, pluralidade de vida dos mares, rios e lagoas. Portanto, o sentido mais integral do que seja o amor, viceja da força que irradia da experiência comunitária, da experiência familiar de laços vicerais. O nada, o caos, a desordem, a inexistência, a confusão, a separação etc., não resistem ao acontecer e irromper da família divina (Trindade) em seu balé ternário na epopéia de seu amor um pelo outro.
Não obstante a profusão criadora da família divina, o caos, a face do abismo, ainda subsiste como possibilidade à impossibilidade da experiência do amor. E sendo impossibilitado o amor, sendo constrangido o respeito, a dadivosidade da pessoa humana, o caos revolvesse por trás da vida, tornando abjeta toda forma de existir e objetivando a confusão, desentendimento e destruição.
Contudo, em havendo amor, fazemos e atualizamos o balé da criação na resistência e manutenção da vida. Seja ela na simplicidade do aconchego de nossos lares, entre pais, filhos, irmãos, tios, tias, primos, enteados, agregados e afins; seja na responsabilidade e cooperação como comunidade de destino e fé, como cidadãos de uma era planetária, que acolhem a vida como acontecer da força da família divina. Só assim entenderemos que o liame de nossa existência se amplifica, amiúde, do micro para o macro, construindo o Reino familiar de Deus, acercado por toda vida que encontra n’Ele seu Telos (finalidade) definitivo. Doravante, Ele será tudo em todos.
Glauco Kaizer

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