segunda-feira, 2 de junho de 2014

NABUCODONOSOR E O PADRÃO FIFA

Há poucos dias do início da Copa do Mundo e diante de tudo por fazer e que de fato não ficará pronto, sou provocado a lembrar de uma história bíblica muito conhecida do povo cristão. Num tempo muito remoto, Nabucodonor, regente da Babilônia, coloca seus exércitos contra Jerusalém. Depois de sitiada, as forças da cidade de Jerusalem se desfazem e assim acaba sendo conquistada. São levados para Babilônia os melhores entre a realeza e os nobres, assim como tesouros reais e utensílios valiosos do templo do Senhor. A famosa e rentável cultura dos despojos que ainda hoje justifica guerras de todo tipo.
Recém chegados à Babilônia, os melhores que haviam sido escolhidos do povo judeu foram separados para servirem diretamente na presença do rei. Afinal de contas, nobres servindo à mesa enaltecem e agregam louvor a imagem de qualquer soberano. No entanto, eles ainda não estavam prontos. Precisavam ser calibrados pelo PADRAO BABILÔNICO. O rei, então, os confia a um de seus funcionários para o tarefa de prepará-los. E para isso ele estipula um tempo para que aqueles jovens nobres estivessem prontos para o serviço. Deviam aprender a língua e a escritas dos caldeus, ou seja, aprender a cultura milenar daquele povo, além de estarem cientes de toda etiqueta da vida palaciana da Babilônia com a finalidade de não cometerem nenhuma gafe. E o tempo estipulado para isso fora de 3 anos.
E se Aspenaz, funcionário do rei designado para isso, não cumprisse o prazo estipulado? Bem, de acordo com o texto do livro de Daniel, situado no Antigo Testamento, a cabeça de Aspenaz estava em jogo, segundo ele mesmo proclama.
Resumindo, aqueles jovens são apresentados aptos diante do rei e Aspenaz fica com sua cabeça longe do risco de perdê-la. Pelo menos até receber um novo grupo para preparar.
Mas o que essa história tem haver com o PADRÃO FIFA? Tudo, tirando apenas o fato de que o Governo do Brasil não conseguiu cumprir o tempo estipulado e acordado (bem mais que 3 anos) para atingir as metas para copa, além de saírem ilesos.
Não vou questionar aqui se é ou não legítimo realizarmos uma copa, gastando bilhões num momento tão conturbado socialmente, na verdade o dobro já do que foi orçado, mas o fato do governo brasileiro ter muita sorte que a FIFA não seja presidida por Nabucodonosor. E mais. Mais sorte ainda pelo fato da presidente Dilma e o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, terem nascido em nosso tempo histórico e em nosso País, tão acostumado a derrapadas contratuais como essa e outras bem piores, e não no século VIII a.C., na Babilônia de Nabucodonosor. Fossem eles no lugar de Aspenaz, serviriam de exemplo aos próximos a ocuparem seus cargos, pois não haveria uma nova oportunidade. E eles sabem disso. É por isso que talvez continuem. Não somos Nabucodonosor, mas estamos cansados de desculpas esfarrapadas. Não queremos tirar a cabeça de ninguém. Afinal, avançamos na civilização e na humanização. Mas uma mensagem eu gostaria de deixar para eles: merece muito mais respeito e compromisso um povo simples e dócil, que paga sangrando seus impostos, muito mais do que o que medo que se deva ter de qualquer Nabucodonosor que a história possa produzir. Com efeito, se é certo que o legado da copa fica para o povo, muito maior, então, foi o desrespeito com todos os brasileiros, afinal, os gringos não levarão nada na mala, como muito bem afirmou a presidente.

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