terça-feira, 19 de março de 2013

Efeitos Colaterais

Em uma declaração dada em Roma,  a presidente Dilma Rouseff afirmou que não houve falhas no sistema  de prevenção das chuvas no Rio se Janeiro, instalado em 2011. E se  para considerarmos essa afirmação verdadeira só basta dizer que é verdade, cataloguemos essas mortes e outras ainda não confirmadas como apenas baixas colaterais apesar da "eficiência" desse sistema. Mesmo que  a presidente não tenha usado literalmente essa expressão, sua resposta se configura como uma tentativa acintosa de abolir ou anular responsabilidades construídas pela omissão do poder público e mesmo pela corrupção dos seus agentes, como no caso do desvio das verbas destinadas a reconstrução dos imóveis destruídos há dois anos antes. Pior ainda quando as próprias vítimas são potencialmente responsabilizadas pela própria morte: "muitas vezes a pessoas não querem sair". No entanto, se fosse o caso de uma desapropriação para a construção de um centro comercial ou coisas desse gênero, aquelas pessoas já teriam sido retiradas pela força policial, a bem do interesse público. Nesse sentido, e voltemos então à expressão utilizada (efeito colateral), essas mortes representam uma margem de erro no cálculo do nosso eficiente sistema de prevenção. Ou será uma margem mal calculada? Fica difícil de saber, pois entre o sistema de prevenção e as mortes já contabilizadas há essa afirmação da presidente absolvendo qualquer um de qualquer responsabilidade. Só as vítimas não foram absolvidas, nem do seu morrer ou da presunção da culpa da própria morte.

Glauco Kaizer

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