segunda-feira, 4 de julho de 2011

Algum tempo atrás ouvi dizer que depois que as falamos, as palavras não são mais nossas. Vão se tornar fruto da interpretação daqueles que a ouvirem. E daí podem decorrer as maiores injustiças que podemos imaginar por conta da interação e da retroação das palavras que proferimos. É claro que o referencial interpretativo é do intérprete, cabendo a ele, em boa medida, o julgamento e a setença daquilo que para si tomou. Mas há também a participação daquele que diz, quando este não escolhe bem as palavras e o tom que utiliza para dizê-las. Não se trata de culpar-se ou procurar culpados, mas apenas de entender-se melhor em si mesmo e também naquilo que os outros interpretam de nós (o próprio Jesus acenou para essa importância). Para mim esse exercício possibilita melhorar quem sou, sobretudo a partir das palavras que eu digo e da verdade profunda que elas desejam exprimir. Daí não culpo a mim, tampouco meus ouvintes, sejam os amigos mais chegados e que deixaram de ser, ou mesmo daqueles que nos transitam rapidamente.


Fato é que não compreendemos todo jogo funcional e afetivo que estão ligados às nossas expressões, sejam elas despretensiosas ou com um objetivo específico. Mas de uma coisa estou certo, ou pelo menos penso que estou, de que com minhas palavras e da liquidez que estas assumem em meus atos, procuro construir pontes para o entendimento e para a amizade; procuro estabelecer um espaço comum para o desfrute de uma boa amizade e daqueles momentos memoráveis que só os amigos podem lembrar. Essa é e sempre foi a intenção de minhas palavras, embora, como dissemos, possa haver sempre a possibilidade de equívocos. Contudo, dos amigos não me ressinto, pois deles espero o melhor como de mim eles esperam, mesmo que me sinta tentado a pensar o contrário. A amizade, portanto, é o grande marco interpretativo, pois se assim não for, nunca houve amizade.




Glauco Kaizer

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