segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Do legalismo à emancipação

Jesus tinha o costume de ensinar nas sinagogas, atividade amplamente atestada pelos evangelhos (Mc 1,21 /Mc 6,2 /Lc 6,6 /Mt 9,35 e Jo 6,59). A essa ocupação Jesus dedicou grande parte de seu ministério. O povo que o escutava ficava maravilhado com as coisas que ele falava. Na verdade, a intenção de Jesus era abrir a mentalidade do povo com seu ensinamento, para horizonte alternativo e afirmar a possibilidade de mudança.
Não demorou muito tempo para que as pessoas que se sentiam intimidadas pelo ensino de Jesus se levantassem contra ele. Afinal de contas, Jesus, suas palavras e ações libertadoras foram sentidas como intimidação por aqueles que só sabiam oprimir. Libertar as pessoas do difícil jugo do legalismo era, para este grupo de pessoas, uma afronta a ideologia que propugnavam. Em função desse ensino libertador, Jesus se vê ameaçado de morte (Mc 3,6; 4, 16-30). As possibilidades que Jesus abre ao homem e a emancipação a que o convida tornam-se insuportáveis para o sistema, cujo o interesse principal é o domínio da ideologia e da conduta (Jo 5, 8-18)
O povo era submetido a uma carga de preceitos da Lei, multiplicados pelos fariseus, que lhe cerceava completamente a iniciativa e sepultava a liberdade. Eram apenas atores com papeis definidos pela religião, completamente impedidos de qualquer manifestação subjetiva e de se experimentarem no seio de sua fé. Eram apenas objetos de uma tradição religiosa que chegava ao cume da caducidade.
A crítica de Jesus, por sua vez, não era infundada ou leviana. Ele percebia a grande opressão infligida sobre o povo, seu povo. Daí decorre sua denuncia: o preceito é para o homem e não o contrário.

Jesus convida a romper com os entraves religiosos e sociais para tornar os homens livres capazes de formar uma nova sociedade. A antiga pretende tutelar o homem e submetê-lo as estruturas já feitas; em a nova, os homens devem por em ação a sua iniciativa e criar eles próprios as estruturas que favoreçam seu desenvolvimento.
Glauco Kaizer

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