segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Um novo critério

Do Sábado à misericórdia

Não lestes o que fez Davi quando passava necessidade, e estavam famintos ele e seus companheiros? Entrou na casa de Deus, sendo o sumo sacerdote Abiatar, e comeu os Paes apresentados (que somente os sacerdotes podem comer) e repartiu com seus companheiros. E acrescentou: o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 25-17). Jesus não prescinde da lei por nenhum sentimento de desprezo. Trata-se de um descumprimento fundamentado na solidariedade ante a premência da vida. Rinaldo Fabris faz a seguinte afirmação sobre esses eventos: a transgressão do sábado não é intencional nem provocadora, mas subordinada à atividade de Jesus (curas) e às necessidades dos discípulos. Com efeito, Jesus oferece um novo critério para julgar o sábado. Jesus é autônomo ante a lei quando esta atenta contra a vida; é autônomo quando, contra a prática, apoiada na lei religiosa, que proibia as relações como pessoas de má fama, como os coletores de impostos e descrentes, se relacionava com estes, negando dessa maneira o preconceito social. E se já não fosse o bastante o relacionar-se com tais figuras, eles os convidava a fazer parte de seu grupo, acolhendo-os como são e como irmãos e irmãs. (Mc 2, 14-17). Quando Jesus decide representar sua própria compreensão dos fatos e dá-los a um rumo diferente, ele o faz por meio de sua experiência com o Pai e do exercício autônomo de sua experiência histórica; para consentir que um evento seja tratado de maneira diferente daquele que o cânones apontam, ele experimenta sua própria razão inscrita em sua autonomia, que por sua vez é a liberdade fundamental do ser mediatizada por fatos históricos, i. é, uma liberdade historicizada. O esforço libertador de Jesus se concentra na libertação ideológica do povo. De fato,muito mais profunda que a submissão ao poder romano,gênero de opressão evidente para todos, era a opressão criada pela ideologia religioso-política que se apresentava com o aval da autoridade do próprio Deus. Essas ideologias além se arrogarem o controle do humano, o que já é em si um fator negativo e atroz, vinham chanceladas pelo suposto mandato divino, o que piora enormemente a situação. E nome de Deus se praticava a marginalização; em nome de Deus era exigida submissão cega a interpretação da Lei proposta pelos dirigentes; em nome de Deus incutiam a culpa e a indignidade perante Deus; em nome de Deus celebravam um culto alienante e explorador e em nome de Deus impedia-se toda liberdade e iniciativa, tornando impossível o desenvolvimento do humano. Enfim, em nome de Deus se fazia tudo o que, notadamente por Jesus, não convinha a Deus. Além disso induziam à idolatria, já que incutiam no imaginário popular uma idéia de Deus que sequer passa perto de ser verossímil.
Glauco kaizer

Um comentário:

  1. Sou um ateu!
    Pra que acreditar num deus que promove a guerra, a morte, a dor, a doença, o mal, a intolerância, o preconceito, um deus ditador, dentre muitas outras malevolências que sabemos que um ser supremo possui. Creio no Deus que criou o homem e não no deus que o homem criou. Infelizmente a vulgarização equivocada de Deus está afastando as pessoas do verdadeiro Deus e os mercenários da fé, assim como os sofistas manipulam pessoas com "religiões" dos deuses que negocia todo e todos. Ainda bem que o verdadeiro não é justo como nós somos, pois imaginem se Deus fizesse cada um pagar extamente por cada absurdo que levam às pessoas a cometerem suicídios extistênciais, neurais, espirituais e principalmente em nome de Deus que nada tem parte com isso e o insultam tirando Dele TODA e INFINITA bondade que nos mantém vivos descobrindo a cada dia o sentido da vida e construindo nossa história na história!

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