O que é um problema? Podemos
representa-lo como aquela pergunta que ainda não foi devidamente respondida. Isso
não quer dizer que não tenha havido nenhuma resposta, nem significa
desqualificar aqueles que antes de nós tentaram responde-la. Mas que essas respostas,
em virtude da insistência da pergunta (problema), não iluminaram de maneira
clara e definitiva, se é que tal coisa é possível, a efetiva elucidação da
interpelação que ainda persegue saciar-se. Ou talvez aconteça que uma única
resposta não seja de fato capaz de dar conta de um problema cuja constituição
intrínseca é resultado da conjugação de inúmeros e decisivos fatores. Com
efeito, não significa eliminar a multiplicidade das respostas, tampouco elevar
à tábua de salvação uma única apenas, o que seria simplificar e subestimar a
capacidade comunicativa presente em qualquer pergunta. Surge então um
imperativo. Onde buscar uma resposta que esteja à altura das inquietações que
nos perseguem e que não represente a absolutização de determinado ponto de
vista, mas que também não se perca em discussões babelescas?
Essa resposta que tanto ansiamos não
poder ser construída senão pelo empenho de todos e cada um de nós e deve estar
atravessada, de um lado ao outro, pela busca daquilo que representa o bem comum;
uma resposta que humanize àqueles que a escutam como também àqueles que a
pronunciam; que seja a representação de portas abertas para a possibilidade de
uma vida mais digna; resposta que traga a marca e que seja o exemplo de algo
que podemos fazer juntos e não apesar do outro; uma resposta que não soe como
uma acusação, sobretudo daqueles que, por força da missão, encontram-se do
mesmo lado; mas ela deve ser, acima de tudo, uma resposta que busca saciar a
pergunta, resolver o problema, e não uma tentativa de se apontar um culpado,
pois isso resultaria em deixar que a pergunta seja para sempre pergunta.
Glauco Kaizer
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