sábado, 29 de janeiro de 2011

Sobre a "santidade"

Devemos medir nossa santidade não pelo que deixamos de fazer: dos atos que pela consciência religiosa julgamos como inadequados; da exclusão que promovemos quando afastamos do nosso convívio pessoas que representam um ideal de vida que destoa do nosso; das palavras que deixamos pronunciar como sendo torpes; e mesmo da anulação de si mesmo diante da grotesca imagem de Deus como patrão e menos como Pai.
Nossa santidade deve ser mensurada pelos atos de amor e misericórdia dos quais todos somos capazes; através das melhores palavras que possuímos, oferecidas como dom da concórdia e do bem querer; e na falta delas, pelo silêncio respeitoso que se oferece em prejuízo da ofensa; da inclusão das pessoas, sobretudo daquelas que já chegam a nós marginalizadas e despojadas de si mesmas; e da percepção da nova relação com Deus na imagem do Pai, que nos da ciência de que o ser para Deus não está apenas relacionado com a dimensão religiosa da fé, mas com a capacidade de “ser” por inteiro, em cada uma das dimensões da vida. Além de tudo, ou em tudo isso, nossa santidade deve ser compreendida como capacidade amorosa que se dilui nas expressões e impressões de nossa vivência concreta no mundo, fruto de um encontro que nunca se esvai, apesar das ambiguidades e contradições que todos possuímos. Encontro esse marcado desde sempre e para todo sempre, e que na pessoa de Jesus de Nazaré faz ser e sentir na história/estória aquela santidade que desde sempre amorosamente nos perseguiu. Amém.

Glauco Kaizer

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