terça-feira, 1 de dezembro de 2009

No final dos tempos...

Jesus um dia alertou sobre os indícios que antecipariam o final dos tempos. Era uma maneira de manter atentos e vigilantes seus discípulos, como também de não serem enganados. Não baixem as sentinelas de vossos olhos e de vossa inteireza, advertia Jesus, sob o risco de perderem-se nos vagalhões da sordidez de um tempo histórico que desistiu da verdade. E um desses sinais era a vinda de falsos messias e falsos profetas. As coisas pioraram bastante depois disso. Na verdade, profetas e messias eram as categorias do tempo Jesus, sobretudo por conta de um Estado fundado sob a égide da religião. Não significa que não possuímos nossos falsos profetas e mestres. Os temos a varejo, oferecendo até mesmo consolo religioso para falcatruas das mais podres que a sociedade poderia presenciar, como aquelas “pequeninas”, nas quais se agradece a Deus por ter fechado os olhos da polícia e por isso não terem parado o carro (estava com multas e não havia sido vistoriado), entre outras que poderão ser rapidamente lembradas.
O episódio que recentemente desaba sobre a sociedade brasileira, a corrupção nos altos escalões do Governo do Distrito Federal, é o exemplo mau do que ora refletimos. Deixando de lado nomes, uma vez que não é nosso interesse escarnecer da imagem de ninguém, os fatos são reveladores. Após receber uma quantia de dinheiro não lícito, um deputado (evangélico) faz uma oração agradecendo a Deus pelo dinheiro e pela vida daquele que paga a propina. E sob um ato falho, que considero como um grito do Espírito à consciência desse deputado, ele diz: “somos falhos, mas o seu sangue nos purifica de todo pecado”. Pelo menos a um pífio reconhecimento do delito, mesmo que a alma de sua corrupção rapidamente tenha amordaçado essa voz e embolsado aquela grana sem mais.
Diferentemente de Jesus, que vivia num Estado organizado em torno da religião, nós vivemos num Estado laico. Portanto, se Jesus vivesse agora conosco, estaria dizendo sua advertência em outras categorias: no final dos tempos virão falsos governantes, deputados, senadores, presidentes... trata-se não da ocupação que determinada pessoas teria no composto social, mas da falsidade (desonestidade presumida) com a qual desempenharia tal função. Trata-se, mormente, do soterramento do que é verdadeiro em função de dar lugar a busca e a sede de si mesmo, falseada pela máscara da honradez em face da posição que ocupam. Não quer dizer, repito, que não tenhamos falsos líderes religiosos. Só que não se trata objetivamente do cargo em si, mas da maneira que se comporta na ocupação deste. Por conseguinte, onde houver a falsidade explícita e descarada, assim como aquela bem velada, há indícios peremptórios do final dos tempos, sinalizado pela falsidade inflacionada, ou seja, de um dizer e apresentar de si o que não é, sob o risco de, a qualquer momento, experimentar a ignomínia de ser descoberto como falso, seja lá falso o quê.
Num momento histórico em que as coisas mais básicas que deviam ser o que são, não são, experimentamos, de fato, o assombro de percebemos que toda aquela mentira e picaretagem darão um fim trágico (final dos tempos), e já tem dado, para a grande massa da população que depende dos serviços desses que, em nome de si mesmos, entregam-se a cuidar dos seus interesses e desprezam os interesses que possam arremeter ao bem comum. Esses tais encarnam sem muito esforço a adjetivação da qual Jesus nos alertou (serem falsos), dos quais todos nós devemos ter cuidado de aproximar-nos, principalmente nas próximas eleições.
Glauco Kaizer

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