quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Diálogo com a paz


___ Oh! Senhora Paz, quanto sofro por tua distância. Minha alma mergulha o abismo da existência e te busca incansavelmente. Minhas forças se vão nos dias da minha busca. Mas a despeito de todo meu cansaço, sigo firme. Vou em frente, certo de achar-te numa colina, rodeada de flores e impregnada de suas doces e entorpecentes fragrâncias.
___ Oh! ávido amigo... que te fazes nesta tua busca. Nunca te pedi teu cansaço, tampouco teus dias. Me buscas onde não estou e me imaginas numa cena que decerto não posso figurar. Devias me ter buscado para dentro de ti mesmo. Lá no recôndito de tua alma. É de lá que te respondo com alento e esperança, como possibilidade que ainda não veio a ser, mas que, à cadência de tua humanização, segue sendo sempre mais. Além disso, não me cerco de flores, muito menos de suas fragrâncias. Isso cabe a ti, sob o impulso da sensibilidade que deixas florescer, encontrando nas flores aquilo que faz lembrar de ti mesmo, sob um ser que ainda não te recordas inteiramente. Mas uma coisa te digo: me cerco daqueles que me acham dentro de si mesmos e me perfumo daqueles que me permitem vivê-los. Mergulhe para as profundezas de tua existência. Lá certamente me encontrarás te esperando como uma amada espera seu amor. Só mais uma coisa. Não posso dar-lhe exclusividade. Não posso ser apenas tua. Não posso pertencer a um exclusivamente. Sou de todos e em todos estou. Bastam buscar-me. Em nossas tardes campestres a de guardar lugar e dividir o pão não somente para nós, mas com todos. E saiba que ao segurares minha mão estarás segurando as mãos de todos aqueles que desejam ou não minha presença.
A PAZ é um estado de espírito que nos impele à vida. Uma aura suave emanada de dentro dos nossos corações que refrigera o ardor dos nossos embates. Ela nos faz pensar nossa existência comum e os laços tão frágeis, mas ambiguamente fortes, que nos unem.

Glauco Kaizer

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