terça-feira, 6 de outubro de 2009

Jesus e sua opção



A mensagem de Jesus e sua atividade libertadora, desde o princípio se chocaram frontalmente com a doutrina e os interesses dos círculos dirigentes. Jesus seguiu em frente em sua missão e em seu processo autônomo. Com isso entrou em rota de colisão com as forças dominadoras do mal. Eles estavam consumidos de ódio por Jesus. Afinal de contas, Jesus havia tocado naquilo que lhes era mais precioso: o desejo de explorar e dominar o pobre em função de seu poder. Eles não compreenderam o ideal de plenitude humana que Jesus oferecia. Criam na eficácia do poder e da dominação, mas não quiseram crer na força do amor. Jesus, então, acabou sendo morto não por A ou por B, mas pelo mal encarnado nas estruturas de seu tempo.
Cada evento desses que elencamos são indiscutíveis como expressão de nossa fé em seu messianismo para aquele e para o nosso tempo. E esses traços só ganham essa visibilidade uma vez que se inscrevem a favor de um povo oprimido e contra as forças dominadoras de uma época que era sombria, mais que, no entanto, viu uma grande luz.
Não podemos também negar que, juntamente com o devir de seu messianismo, Jesus faz uma experiência autônoma de si mesmo, das leis e do Pai. Ele repensa e reorienta sua fé e sua espiritualidade e faz delas expressão inconfundível da vontade do Pai, sendo este a sua única lei. Cada quadro desses exala a capacidade de Jesus de superar e transcender às ideologias que encarceravam o ser nas jaulas de uma existência castrada e estéril.
Seu grito: Lázaro, sai para fora!, pode ser ouvido ainda hoje onde quer que haja um estado opressivo, seja ele religioso, político, econômico, social etc. É um convite a viver uma experiência autônoma e liberta.
Sua autonomia não foi um processo pela metade, ou seja, ela não desembocou no absolutismo de si mesmo. Pelo contrário, estava sempre se cercando das pessoas e das necessidades dessas pessoas. Quanto mais se tornava ele mesmo, mais se revestia do outro e de suas angustias, tornando-se, dessa maneira, a síntese perfeita da individualização e da participação.
Nós, sua igreja, povo messiânico, devemos carregar sempre esta insígnia: um processo pleno em sua individualidade e uma capacidade sem limites de participação da construção de um mundo mais justo e mais fraterno na fé que opera pelo amor.
Glauco Kaizer

Um comentário:

  1. Meu amigo!! Vc simplesmente é formidável!!! Amei o texto e principalmente o toque genial no q se refere ao q motivou a morte de Cristo e sua opção preferencial pela vida humana.

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